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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Conversas Sobre a Saudade


A saudade é um dos sentimentos
Mais imprevisíveis que existem
Do mesmo modo que se faz ausente                                           
Por longos e obscuros períodos
Surge arrebatadora e pegajosa
Quando menos esperamos
Ou gostamos de admitir

A saudade é um dos sentimentos
Mais indomáveis que existem
Talvez dissimulada seja a palavra mais correta
Pois em momentos é dócil e até mesmo agradável
Já em outras ocasiões é manipuladora e cruel
É como criar outro ser humano
E este se tornar regente de nossos sentimentos

A saudade é um dos sentimentos
Mais apaixonantes que existem
Pois se nos deixarmos levar apenas pelo seu lado bom
Poderemos rir da mais ligeira e repentina lembrança
Teremos apenas lagrimas de autoconsolação
Lavando e renovando os bons momentos
Que permanecem ainda mais firmes em nossos corações

Por fim diria que a saudade é um dos sentimentos
Mais fieis que existem
Sempre ao nosso lado nos bons e maus instantes
É como aquele melhor amigo que lhe diz verdades sem camuflagens
Para depois te acompanhar seja qual for tua reação
A saudade nutre-nos a alma e aquece nossos corações
Une nossas vidas e nos faz seguir sempre em frente

(Rodrigo Saraiva – 19/10/12)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Escuridão e Teus Sonhos


Finalmente descobri algo de bom
Nesta escuridão que me domina
Após tanto tempo envolto em trevas
Sem estrelas guias no céu
Ou distantes luzes no horizonte
Percebi que esta alma retinta
Dominada por prantos
Acalentada por dores invisíveis
Pode ser a escuridão que te faz dormir
E que em teus sonhos
Poderia enfim encontrar
A paz luminosa que tanto busquei
E que a há tempos desisti de encontrar

(Rodrigo Saraiva – 30/08/12)

Conversas


Sempre quis me comunicar com os mortos
Adentrar nesta barreira invisível e inexplicável
Romper teorias e paradigmas
Crer no inacreditável

Uma vez achei que as almas
Vagavam pelos céus do ocaso
No exato momento do adormecer solar
E do dourado despertar lunar

Tentei em vão alcançá-las
Tanto por dizer
Desculpas a pedir
Carinhos a distribuir

Se eu pudesse me comunicar com os mortos
Gostaria de conversar com um estranho
Saber da historia de sua vida
Alegrias e angustias

Quantos sonhos ele deixou pelo caminho
Quantos amores carentes
Enfim o quanto ainda havia de vida
Naquele que não deveria ainda possui-la

Quem sabe assim eu aprendesse algo
Algo pelo qual valesse a pena lutar
Respirar enquanto houvesse ar
Insistir enquanto houvesse uma chance

Conseguindo me comunicar com os mortos
Finalmente compreenderia meus desejos
Se eu deveria me juntar a eles
Ou continuar brincando de viver

Seguindo com falsos sorrisos
Amores invisíveis
Versos inúteis
E esta dolorida esperança já falecida

(Rodrigo Saraiva – 30/08/12)

sábado, 14 de julho de 2012

Nosso Amigo Pássaro e a Felicidade Verdadeira


Quero que nosso amigo pássaro
Leve a ti um sorriso contagiante
Para emoldurar teu lindo rosto
E para que isto lhe traga eterna felicidade

Pois sinto sua dor mesmo a distancia
E por mais que carregue com prazer
A cruz que caleja tuas costas
Prefiro vê-la livre de pranto

Cada vez que descubro que estás triste
Sinto nosso amigo pássaro enfraquecer
Pois ele é movido por nossas alegrias
Por nossos sentimentos mais felizes

Por isto pedi a ele este sorriso para ti
Para que possamos compartilhar novos bons momentos
Sem mais magoas ou lagrimas caídas
Apenas o prazeroso êxtase de uma felicidade verdadeira

(Rodrigo Saraiva – 14/07/12)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sentimento Unilateral



Não é possível calcular com exatidão
Quanto tempo podemos esperar por alguém
Quantas vidas podemos viver por alguém
Quantas lagrimas podemos derramar por alguém

Talvez devesse substituir palavras
Trocar podemos por devemos
Será que devemos mesmo
Ou o correto seria o dever de seguir adiante

Desculpas nunca pedidas
Desejos nunca cumpridos
Carinhos nunca trocados
Declarações nunca sussurradas

São como flores beirando nossas casas
Sempre estão ali nem mais nos preocupamos em admira-las
Nem lembramos mais do perfume
Mas quando elas murcham e se esvaem sentimos falta

Mas o importante de fato não é viver preso ao passado
Ou ao que foi ou poderia ter sido
O que pode ser feito a partir de um adeus mesmo que silencioso
É a verdadeira razão de seguir em frente

Pois um adeus nunca será um sentimento unilateral

(Rodrigo Saraiva – 21/06/2012)


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Teu Rosto e a Lua



Ontem pela primeira vez
Vi teu rosto espelhado na lua
Lua cheia dourada e rainha
Detentora ofuscante da luz noturna

Estavas com um semblante feliz
Disseminando tímidos sorrisos alheios
A todos admiradores lunares
Arrebanhando ainda mais corações para si

Teu olhar refletido no dourado
Tornou-se acima de tudo um instrumento de paz
Capaz de acalmar almas indóceis
Domesticando inúmeros poetas rebeldes

Teu sorriso não passava de um risco longínquo
O inicio de uma ponte invisível
Capaz de unir seres distantes
Montanhas milenares incapazes de se tocarem

Desde já aguardo ansioso um novo ciclo
Um novo triunfo da lua
Para que por alguns dias possa te rever
Sorrindo e renovando nosso calejado mas infindo amor

(Rodrigo Saraiva – 06/06/12)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Pássaros Humanos



Inevitável às vezes não compararmos
Os pássaros com os humanos
Pelo menos para mim
Principalmente com relação a relacionamentos

Como não admirar aqueles fiéis
Unidos por toda uma existência
Verdadeiras historias de amores perfeitos
Onde nem o tempo pode ser menosprezado

Pois estes animais vivem muitos anos
Talvez até tenham seus desgastes
Mas não tão doentios como os dos humanos
Não tão egoístas e inúteis

Sinto-me um privilegiado por ter em minha vida
Uma pessoa que nem é pássaro nem humana
É simplesmente alguém que me faz feliz
Capaz de ignorar o tempo e distancia

Que me permite escrever
Que abastece sempre de boas lembranças
Esta mente deveras desgastada
Mas que nunca a esquecerá

Como pássaros humanos que somos

(Rodrigo Saraiva – 31/05/12)





Sonhos e Estrelas



Interessante seria se pudéssemos
Conectar nossas almas
Pelo menos em sonhos
Em noites de solidão mutua

Sonharmos um mesmo sonho
Vivermos juntos na distancia
Mesmo que em pensamento
Mas ainda assim algo levemente palpável

Pois em num sonho assim
Poderia te tocar novamente
Ver-te arrepiar de leve
Quando eu acariciasse teus cabelos

E você poderia novamente me conquistar
Com mais um sorriso contagiante
Mais um abraço sincero
Mais um beijo inesquecível

Em sonho seriamos
Mais duas estrelas a preencher o céu
Mas apenas uma para aqueles que as olhassem
Pois elas estariam sobrepostas unidas

Para sempre reais em nós

(Rodrigo Saraiva – 29/05/12)

sábado, 5 de maio de 2012

A Lua Cheia e a Escuridão



Todas as noites deveriam ter lua cheia
Para que com sua luz dourada
A escuridão fosse vencida ao menos nestes momentos
Pois é na noite que as trevas fazem morada

Tirando-me a vontade de seguir
Turvando pensamentos
Arrepiando-me a pele
Entrecortando minha respiração

Quando a escuridão encontra a solidão
Meu sorriso já antes tímido
Esvai-se lentamente
Deixando-me apenas um tremor débil nos lábios

Mantenho o olhar fixo na lua
Tentando me cegar com tua luz
Em busca de uma cegueira branca
Em busca da paz perdida

E uma vez tendo vencido as trevas
Tornando-me apenas luz
Não teria mais medo de fechar os olhos
Ou de insistir inutilmente em mantê-los abertos

(Rodrigo Saraiva – 05/05/12)

Eclipse


                                                                                  

Poucas vezes nesta efêmera vida
Uma metade de hora
Foi-me tão angustiante

Pela primeira e espero única vez
Temi fervorosamente a noite
Nunca quis tanto me fazer luz

Pois naquela metade de hora
Daquela fatídica noite
Perdi o que mais me era caro

Contra minha vontade própria
Prostrei-me imóvel à janela
A contemplar um ultimo crepúsculo feliz

De forma lenta e dolorosa
O céu foi se tornando retinto
Inundando de pranto meu ser

Pude vê-la surgir inocente
Do quanto me causaria dor
Como sempre estava dona dos céus

Capaz de me congelar o olhar
De fazer-me perder em tua prateada luz
E tentar em vão estagnar o tempo

Pois em poucos instantes
Aquele que te ama não iria mais bater
Ficaria estático aguardando teu regresso

E assim em prantos e estagnado
Observei-a tornar-se chamas
Pouco a pouco sendo consumida

Enfim tua luz cessou
Minha respiração cessou
Tombei

Acordei afoito
A metade de hora passara
Olhei desesperado para o céu

Pude finalmente voltar a respirar
Meu coração pôde voltar a por ti bater
Pois aquela que me é vida voltou

Ò minha lua de tantas poesias
Tantas noites adoradas por ti
Tantos amores declarados por ti

Imploro-te com os olhos banhados
Que jamais permita que a tristeza a domine
Não mais se faça escuridão

Para que eu possa viver em paz
Que possa lhe fazer eternamente feliz
Para enfim amá-la mais cada noite

Adeus à Lua


                                                                                    
Agora que se aproxima o momento
Sinto algo entalado na garganta
Um friozinho na barriga
O mundo todo parece rodar

Depois de tudo que aconteceu
De tantas noites
Tantas musicas a nos embalar
Tantas histórias narradas

Depois de tudo que poderia ter acontecido
Do olhar nunca travado
Da viagem que nunca ocorreu
Do sonho chamado abraço

Agora que se aproxima a despedida
Sinto algo indescritível
Uma sensação de vazio me consome
A noite nunca esteve tão retinta

Sinto que nunca mais verei
Aquele dourado que me cativou
Nas noites escuras e frias
Aquela tua luz que tanto me guiou

Partirei é verdade
Mas lhe prometo que algo em mim
Permanecerá intacto
Um sentimento verdadeiro

É algo que não precisa de palavras
Nós e apenas nós sabemos o que é
Basta por si só é infindo e invejado
É tudo aquilo que nos manterá unidos na distância

O poeta e a lua
Dois seres
Duas vidas
Um sentimento

As Cores da Lua


                                                                          
As cores da noite
Muitas vezes esquecidas
Outras apagadas desbotadas
Mas sempre perceptíveis para aqueles

Aqueles que têm a lua no coração
Pois sem a mesma tudo seria retinto
Não valeria a pena caminhar na areia a noite
Se não houvesse seu brilho dourado tingindo o mar

Não existiriam cachorros cantando na escuridão
Uma inexplicável ode a tua existência
Nem haveria pessoas como eu
Como tantos poetas apaixonados por ti

Lua de todas as cores
De tantos amantes
Dona de minha existência
De meus versos e coração

(Rodrigo Saraiva – 2008)

Nosso Amigo Pássaro e Tua Felicidade



Quero que abra suas mãos em forma de concha
Para receber aquele que sempre nos atende
Pois desta vez nosso amigo pássaro
Tem algo muito importante para lhe dar

Uma simples mensagem composta por duas palavras
Mas que valem neste momento
Por tudo aquilo que mais te desejo
Mais até do que a presença ou teu olhar

Talvez este apenas ao ler a mensagem
Creio que se este viesse acompanhado por um sorriso
Não poderia pedir-lhe mais nada por um bom tempo
E olhe que para nós ele é bem cruel

Nosso amigo pássaro já está a cruzar o céu
Guiado por uma lua capaz de refletir nossos pensamentos
Evitando assim que nosso amigo erre o caminho
E encontre aconchego em tuas mãos

Quero também que desta vez ele fique contigo
Basta ler a mensagem e seguir a risca o que lhe peço
Nosso amigo pássaro se encarregará de te ajudar
E fazer-lhe o bem que a distancia não me permite

Não precisei pensar muito para escrever esta mensagem
Pois estas duas palavras refletem tudo retido em mim
Por isto lhe peço do fundo de meu combalido coração
Seja feliz

terça-feira, 24 de abril de 2012

Estudo de um Olhar



Sempre me julguei um estudioso
Não necessariamente de textos e conceitos fixos
Mas sim um estudioso das pessoas ao meu redor
Tentando decifrá-las ao mesmo tempo em que me oculto

Poderia gastar horas decorando teus jeitos e trejeitos
Mas como dizem prefiro aprendê-los
Para assim vencer o esquecimento
E guardá-los acompanhados de um sorriso e boas lembranças

Talvez tua voz seja algo bom de estudar
Compreender tuas melodias
As composições que regem tuas ideias
Muitas vezes sabiamente camufladas

Ainda assim sempre tem aquela matéria complexa demais
Aquela na qual você acha que sabe tudo
Mas que volta e meia planta uma dúvida para te atormentar
Talvez seja a disciplina que mais reprova na vida

Estou falando de algo tão palpável quanto subjetivo
Capaz de dominar sonhos e pensamentos
De julgar e ser julgado
Apaixonar e ser odiado

Mas que sempre me fascina
Seja ele carregado de calor ou profundamente gélido
Descrevo aqui teu olhar
Para mim o maior reflexo do que chamam alma

O olhar de uma pessoa é autossuficiente
Mas nunca um inimigo feroz
Por vezes apenas incompreendido
Vitima de pré-julgamentos

Não sou pretensioso ao ponto de decifrá-lo por completo
Assim até talvez a essência do estudo
Prefiro encará-lo como uma promessa
Aquela que é cumprida aos poucos e com muito esforço

Nunca esquecida
(Rodrigo Saraiva – 24/04/12)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Rei

Somos seres no mínimo curiosos.

Nunca consegui entender

Por que em matéria de sentimentos

Sempre optamos pelo mais difícil e nem sempre feliz?

Creio que o rei dos sentimentos seja o amor,

Pois normalmente este não dá à mínima,

Seja para os demais sentimentos súditos

Ou para aquele que é seu reino ou ser humano no caso.

Nem sempre este rei faz um mal reinado,

Muitas vezes nos primeiros anos ele e a felicidade se completam.

Quase um perfeito casal real!

Em outros casos este mesmo rei prefere a solidão.

Mas o pior de tudo é que seu próprio reino,

Leiam-se: nós mesmos sentimentalistas que somos,

O elegemos rei acima de todos os outros sentimentos,

Muitas vezes mais simpáticos digamos assim.

Mas como o dito acima, nós não gostamos do que é fácil.

Acabamos sendo subjugados por este rei inconstante,

Nem sempre leal e quase sempre egoísta.

Não podendo deixar de ser reeleito em primeiro turno

A cada nova eleição ou relacionamento, como queiram chamar.

Há aqueles que gostam da paz outros preferem a guerra.

Cada reino possui o rei que merece!

E, se o ajudou a pô-lo no poder, que não faça insurreições futuras,

Pois o amor assim como um rei não gosta de ser traído.

As penas são severas e às vezes levam a morte.

Já eu como poeta vivo, sou um reino improvável.

Regido por vários amores inconstantes e adoráveis,

Comandantes e controlados,

Onde há apenas uma unanimidade absoluta.

Neste meu reino existencial interior,

Amores são sempre amores.

Independente de nos fazerem bem ou mal

É impossível não os querer-lhes do seu lado,

A cada momento em que se respira a vida.



(Rodrigo Saraiva – 05/04/12)

Segurança Própria



Sei que posso com apenas uma das mãos

Impedir que a luz me toque no rosto

Talvez apenas a desvie do meu olhar

Mas não da profunda escuridão de minha alma



Sei que posso cerrar meus lábios a qualquer instante

Que muitas vezes este é o caminho mais fácil

Talvez apenas minha voz exterior se cale deste modo

Mas não os gritos interiores que me perseguem



Sei que posso fechar os olhos para o que me é pranto

Evitando assim que eu chore copiosamente como deveria

Talvez isto apenas adie o momento em que a dor me invadirá

Mas jamais impedirá que tantas lágrimas retidas um dia se precipitem



Sei que posso fugir para longe de meus problemas

Não precisando jamais demonstrar minha coragem esquecida

Talvez minha covardia seja apenas mais fraca

Mas ainda assim relutante em me deixar mas não invencível



Há um grande abismo entre o saber que posso fazer

E tudo aquilo que me permito fazer voluntariamente ou sob um comando da alma

A única certeza que ainda não me abandonou

É a de que você está acima de qualquer desejo egoísta acima citado



Mantendo-me em segurança contra mim mesmo



(Rodrigo Saraiva – 05/04/12)


terça-feira, 27 de março de 2012

Nosso Pássaro Eterno


Andei pensando o que seria necessário
Para que nosso pássaro siga sempre voando
Tantas e tantas vezes através desta distancia toda
Que há anos teima em nos separar

Fôlego ele já provou que tem de sobra
Disposição sempre renovada para unir
Nossos pensamentos recíprocos
Que para sempre serão felizes

Talvez asas e penas
Levando-se em consideração que as asas
São como a memória que nos mantém
As penas seriam como capsula protetora
Que protege tudo aquilo que nos é caro

Poderiam ser os olhos de nosso pássaro
Aqueles que carregam até me mim teu sorriso
Que refletem teu rosto quase me deixando tocá-lo
Mas que nunca transmitem a tristeza da distancia
Mantendo-nos sempre fortes e com o sentimento de união vivo

Creio que finalmente entendi
Nosso pássaro não se esforça para voar
Seja ao nascer ou final do dia
Ventos também chamados de lembranças
Encarregam-se de levá-lo até nós
Como ondas que deslizam incessantes sobre o mar

E assim flutuando
Ele nem precisa nem bater asas
Nem de um fôlego interminável
Nem de olhos sempre alertas e carregados
Ele precisa apenas de nós mesmos
Pois enquanto guardarmos no coração um ao outro

Nosso pássaro será eterno e feliz por nós dois

(Rodrigo Saraiva – 27/03/12)


segunda-feira, 26 de março de 2012

Sentimentos



Ao som de uma canção de beleza única
Sinto os sentimentos aflorarem em mim
Exalo cada um deles como jamais o fiz
Cada gesto torna-se uma frustrada
E inútil tentativa de escondê-los

Começarei descrevendo a culpa
Sinto-me culpado por não sermos mais um só
Culpado pelas lágrimas que lhe banharam
Deformando-me o rosto
Culpado enfim por existir desta maneira

Chego graças a este ao próximo sentimento
Aquele que moldou minha existência
Pois respirei eternamente arrependimento
Pedindo-lhe inúmeras vezes perdão
Por falhas inumanas que cometi

Devido a tantos atos errôneos
Sinto brotar em mim algo chamado raiva
Que me esquenta o sangue
Faz-me respirar fundo para não me martirizar
A ponto de findar minha existência

Busco então consolar-me no sentimento seguinte
Um que denominam expectativa
De que possa me perdoar
Transpiro com a já então ansiedade
Que precede o momento de nosso reencontro

Para que finalmente quando eu exalar o amor
Não haja quaisquer desavenças entre nós
Para que sinta meu corpo arrepiar ao encontrar teus lábios
Num último e eterno sentimento
Chamado simplesmente de plenitude

(Rodrigo Saraiva – 2007)

A Sinfonia de uma Estrela

 
Mais uma vez devo me entregar
A menor escuridão existente que seja
Para que ao olhar para o céu
Possa encontrar tua estrela brilhando

Aquela pequena estrela
Que continua brilhando insistente
Tentando refletir em meus olhos
Teu sorriso perdido no tempo

Mas que a cada noite renasce
Surgindo tímida no mesmo local de sempre
Chamando-me para perto mesmo tão distante
Buscando unir lembranças e esperanças

Nenhuma distancia é capaz de destruir
Uma lembrança guardada com carinho
Pois sempre haverá a mesma estrela a cada noite
Para não nos deixar esquecer e nos fazer sorrir

Piscando descompassada
Como batidas de um coração
Tentando ser ouvido por outro que está longe
Criando assim a sinfonia de uma vida

(Rodrigo Saraiva – 26/03/12) 

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Verdade Oculta


Senti na pele o poder da verdade
Ou melhor o da omissão desta
A verdade carrega em si um peso
Peso este imensurável e doloroso

Saber a verdade e não poder dizê-la
Olhar nos olhos de alguém e se calar
Guardar para si aquela dor que não é só sua
Calejar os ombros com este sentimento corrosivo

Esta omissão da verdade não veio só
Tatuou em minha alma a mais forte lembrança
Que me impede de seguir incólume

Esta omissão da verdade veio banhada em lágrimas
Que minha existência eternamente derramará
Sendo esta a única verdade que me restou

E não poderá jamais ser ocultada ou silenciada por mim

(Rodrigo Saraiva – 01/03/12) 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Lavagem


Hoje busco a emoção esquecida
O sentimento perdido
As lágrimas há tanto secas

Na verdade não é uma busca minha
Sinto que é do que me resta de alma
Transbordando em mim

Enfeitiçado por uma música
Angustiado com sua melodia
Fingidamente surdo para sua letra

Respirando em longos intervalos
Crispando os lábios indefinidamente
Cerrando os punhos debilmente

Emoção que me rasga
Que extravasa por anos retida
Que me arrebata os olhos e me faz chorar

Lágrimas recém-nascidas
Desbravando esta face derrotada
Lavando minha existência

(Rodrigo Saraiva – 29/02/12)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Lua Alma (Morte) e Coração


Uma profunda nostalgia
Envolveu minha áurea existência como névoa
Ao olhar para o abstrato e escuro céu
Vejo-te e és luz

E remotas mas infindas recordações
Despedaçam minh’alma
Alma esta inerte
Absteve-se da vida ao te ver partir

Uma aurora impossivelmente negra se aproxima
Negra pois irá apagar-lhe a chama
Tornar-lhe-á igualmente opaca e sem vida

Assim como a alma também é meu coração
A noite enquanto sonho com ti és luz és lua és vida
Durante o dia enquanto vivo sem ti és treva és sol és morte

(Rodrigo Saraiva - 2005)

O Silêncio do Impossível



Sou amante do silêncio
Seu fiel companheiro
O silêncio precede a paz
E isso eu busco há tempos

Abri mão de tudo pelo silêncio
Da minha música favorita
De ouvi-la cantar para mim
Em noite sem luar

O silêncio não é total
Os pingos da chuva
Como lágrimas de um céu em prantos
O quebram

No possível silêncio da palavra
No cessar repentino da música
No silêncio de uma lágrima
Aguardo para sempre o silêncio total

(Rodrigo Saraiva - 2004)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Solidão Acompanhada

A palavra solidão
Não faz jus ao seu significado
Uma vez a sempre um sentimento agregado
Caminhando de braços dados pela avenida alma

Esta solidão pode estar muito bem acompanhada
Uma vez que a felicidade a abraçou sem pudores
Muitas pessoas se sentem felizes sós
Eu inclusive na maior parte do tempo

Mas também a solidão pode não trazer bons ventos
Uma vez que a tristeza a dominou sem piedade
Sendo este o caso mais comum de acontecer
E que ultimamente vem ganhando espaço em mim

Como eu queria que a solidão bastasse a si só
Mas não é assim que ela nos deixar viver
Somos meros reféns de seus caprichos
E de suas sempre inconstantes companhias

(Rodrigo Saraiva – 22/02/12)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Poder de Tua Voz

Hoje encontrei umas fitas dessas de camera filmadora, no caso de uma que pertenceu a minha mãe e, para minha surpresa, uma delas foi feita por minha própria mãe. Depois de todo este tempo, ouvi-la e vê-la novamente foi no minimo estranho. Dificil descrever a sensação, um misto de alegria e tristeza, de nostalgia e saudade... Ao fim das contas, acho que o saldo é positivo, muito bom ouvi-la novamente. A questão da poesia é exatamente sobre isso, sobre esquecermos as vozes de quem não mais temos por perto, sendo que na verdade não se esquece por completo, basta uma centelha para que milhares de sentimentos de reacendam!

O Poder de Tua Voz

É triste pensar que somos capazes
De com o indesejável auxilio do tempo
Esquecermos o tom de uma voz
Sua melodia e importância

Mesmo sendo ela capaz de tudo mudar
Em momentos como aquele em que esprememos
Nossa memória até nada restar alem de um hiato
Lagrimas brotam ao simples sussurro de lembrança

Lembrança esta que carrega tanto em si
Um turbilhão indomável de sentimentos
Algo muito forte e intenso
Que um simples alegre ou triste

Seguiremos eternamente tentando não esquecer
De tua voz parte de tua vida ainda existente em nós
Por mais que pareça difícil lembrarmos
O casamento entre o sorriso e a lágrima por tua voz gerado

É como uma raiz infinita que trespassa a alma
Agarrando-se a tudo que nos é caro
A tudo que alimenta o ato de seguir em frente
Regada pelo mais puro e indestrutível amor que há nós

(Rodrigo Saraiva – 14/02/12)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Reflexões Sobre o Tempo

Tenho pensado mais no tempo ultimamente
Na capacidade que ele tem de se ocultar
De passar despercebido por nós
Não sem deixar importantes sequelas

Sendo a principal delas
Aquela que finca raízes em nossa alma
Também conhecida como nostalgia
Que nos faz sorrir por fora e chorar por dentro

Em função de um tempo que ficou para trás
Que aparenta ter metade da idade real
Que nos leva a momentos de intensas reflexões
Será a vida passando sem ter sido aproveita em sua plenitude

O tempo nos leva a arrependimentos passados
E a pretensões felizes e futuras
Cabe a nós sabermos separar os momentos
Para assim aprendermos a conviver com este tempo sempre imprevisível

(Rodrigo Saraiva – 09/02/2012)

Empréstimos

Gostaria se possível
Que me emprestasse seu sorriso
Para que eu pudesse trazer luz
Para este meu mundo solitário e sombrio

Gostaria se possível
Que me emprestasse seu olhar
Para que eu pudesse refletir
Tudo que tua alma pura me traduz

Gostaria se possível
Que emprestasse sua voz
Para que contagiasse a todos
Com a melodia de tua existência

Gostaria se possível
Que me emprestasse seu amor
Para que eu preenchesse este peito vazio de emoções
Com o único sentimento que me faz lembrar de ti

(Rodrigo de Santana Saraiva)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Tua voz teu olhar e o tempo

É chegada a hora
De personificar a voz
Voz esta por vezes esquecida
Mas acompanhada de um sorriso
Sempre que lembrada

Curioso é o fato
De que ao conhecer a dona de tal voz
Não a presenciarei por mais que instantes
Destes que surgem mas são levados
Carregados pelo abraço implacável do tempo

Ainda assim
Admito que um olhar é eterno
Uma voz por mais doce que seja
Pode-se tornar apenas uma boa lembrança
Mas um olhar é capaz de fincar raízes
Ainda mais profundas que um mero sentimento

Quando se conhece a dona de uma voz
O tempo não mais importa
Sejam segundos ou anos
Pois a união entre uma voz e um olhar
Destruirá aquilo que insistirá em nos seguir
Toda aquela enorme distancia erguida por este mesmo tempo

(RODRIGO SARAIVA – 02/01/12)