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terça-feira, 24 de abril de 2012

Estudo de um Olhar



Sempre me julguei um estudioso
Não necessariamente de textos e conceitos fixos
Mas sim um estudioso das pessoas ao meu redor
Tentando decifrá-las ao mesmo tempo em que me oculto

Poderia gastar horas decorando teus jeitos e trejeitos
Mas como dizem prefiro aprendê-los
Para assim vencer o esquecimento
E guardá-los acompanhados de um sorriso e boas lembranças

Talvez tua voz seja algo bom de estudar
Compreender tuas melodias
As composições que regem tuas ideias
Muitas vezes sabiamente camufladas

Ainda assim sempre tem aquela matéria complexa demais
Aquela na qual você acha que sabe tudo
Mas que volta e meia planta uma dúvida para te atormentar
Talvez seja a disciplina que mais reprova na vida

Estou falando de algo tão palpável quanto subjetivo
Capaz de dominar sonhos e pensamentos
De julgar e ser julgado
Apaixonar e ser odiado

Mas que sempre me fascina
Seja ele carregado de calor ou profundamente gélido
Descrevo aqui teu olhar
Para mim o maior reflexo do que chamam alma

O olhar de uma pessoa é autossuficiente
Mas nunca um inimigo feroz
Por vezes apenas incompreendido
Vitima de pré-julgamentos

Não sou pretensioso ao ponto de decifrá-lo por completo
Assim até talvez a essência do estudo
Prefiro encará-lo como uma promessa
Aquela que é cumprida aos poucos e com muito esforço

Nunca esquecida
(Rodrigo Saraiva – 24/04/12)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Rei

Somos seres no mínimo curiosos.

Nunca consegui entender

Por que em matéria de sentimentos

Sempre optamos pelo mais difícil e nem sempre feliz?

Creio que o rei dos sentimentos seja o amor,

Pois normalmente este não dá à mínima,

Seja para os demais sentimentos súditos

Ou para aquele que é seu reino ou ser humano no caso.

Nem sempre este rei faz um mal reinado,

Muitas vezes nos primeiros anos ele e a felicidade se completam.

Quase um perfeito casal real!

Em outros casos este mesmo rei prefere a solidão.

Mas o pior de tudo é que seu próprio reino,

Leiam-se: nós mesmos sentimentalistas que somos,

O elegemos rei acima de todos os outros sentimentos,

Muitas vezes mais simpáticos digamos assim.

Mas como o dito acima, nós não gostamos do que é fácil.

Acabamos sendo subjugados por este rei inconstante,

Nem sempre leal e quase sempre egoísta.

Não podendo deixar de ser reeleito em primeiro turno

A cada nova eleição ou relacionamento, como queiram chamar.

Há aqueles que gostam da paz outros preferem a guerra.

Cada reino possui o rei que merece!

E, se o ajudou a pô-lo no poder, que não faça insurreições futuras,

Pois o amor assim como um rei não gosta de ser traído.

As penas são severas e às vezes levam a morte.

Já eu como poeta vivo, sou um reino improvável.

Regido por vários amores inconstantes e adoráveis,

Comandantes e controlados,

Onde há apenas uma unanimidade absoluta.

Neste meu reino existencial interior,

Amores são sempre amores.

Independente de nos fazerem bem ou mal

É impossível não os querer-lhes do seu lado,

A cada momento em que se respira a vida.



(Rodrigo Saraiva – 05/04/12)

Segurança Própria



Sei que posso com apenas uma das mãos

Impedir que a luz me toque no rosto

Talvez apenas a desvie do meu olhar

Mas não da profunda escuridão de minha alma



Sei que posso cerrar meus lábios a qualquer instante

Que muitas vezes este é o caminho mais fácil

Talvez apenas minha voz exterior se cale deste modo

Mas não os gritos interiores que me perseguem



Sei que posso fechar os olhos para o que me é pranto

Evitando assim que eu chore copiosamente como deveria

Talvez isto apenas adie o momento em que a dor me invadirá

Mas jamais impedirá que tantas lágrimas retidas um dia se precipitem



Sei que posso fugir para longe de meus problemas

Não precisando jamais demonstrar minha coragem esquecida

Talvez minha covardia seja apenas mais fraca

Mas ainda assim relutante em me deixar mas não invencível



Há um grande abismo entre o saber que posso fazer

E tudo aquilo que me permito fazer voluntariamente ou sob um comando da alma

A única certeza que ainda não me abandonou

É a de que você está acima de qualquer desejo egoísta acima citado



Mantendo-me em segurança contra mim mesmo



(Rodrigo Saraiva – 05/04/12)