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domingo, 30 de outubro de 2011

Vozes Esquecidas

Não quero ser mais uma
Dentre tantas vozes
Que o tempo apagou
Sem se dar ao trabalho da consulta

Não quero que a sua seja
Mais uma voz
Que o tempo apagou
Amputando meu coração

Como mensagens escritas nas mãos
Na pressa de não perder a inspiração
Mas que na mesma rapidez são lavadas
Por lágrimas invisíveis que exalam de nossos poros

Desejo que nossas vozes possam se unir
Criando algo capaz de parar o tempo
Chamado por alguns de amor
Por outros de paixão

Por mim apenas de nós
Nós que podemos parar o tempo
Nós que podemos criar o amor e a paixão
E assim eternizarmos nossas vozes

(Rodrigo Saraiva – 29/10/11)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A Real Solidão

Aprendi que companhia
Não necessariamente anula
O estado de solidão de uma pessoa
Esta depende mais de cada individuo

Conversas ocas
Risadas fúteis
Lembranças esparsas
Jogos inúteis

Às vezes estar acompanhado
É pior que estar só
Pois ao menos se pode pensar
Envolto em sua individualidade

Privacidade de pensamento
Algo impalpável mas imprescindível
Pois exercitar a alma
É o que nos mantem firmes e ainda persistentes

Sinto falta de minha solidão
De meus diálogos internos e loucos
De expor para mim mesmo meus sentimentos
Aqueles mais obscuros e secretos

Falo de solidão no sentido literal
Não esta falsa e medíocre que vem de brinde
Precedida por tantas pessoas ao meu redor
Que apenas me enfraquecem a mente

E sim aquela que me fazia companhia em noites chuvosas
Onde minhas lagrimas se perdiam em meus rios internos
Desaguando em um oceano de gritos retidos
De versos escritos à flor da pele

Quero poder explodir em mim mesmo
Quero apenas papel e caneta como companhia
Quero sorrir quando me sentir só novamente
Finalmente em paz com estes sentimentos hoje amotinados

(Rodrigo Saraiva – 23/10/11)

Por Que Eu Haveria de Existir

Por que eu haveria
De manchar uma bela folha branca
Com minhas palavras tristes e feias
Tornando-a retinta como minha alma

Por que eu haveria
De insistir em escrever poesias
Se você que me inspira nunca irá lê-las
Pois sou mais covarde que poeta

Por que eu haveria
De continuar cantando teu nome
Já que é minha muda voz interior que o faz
E meus lábios insistem em permanecer lacrados

Por que eu haveria
De seguir observando a lua todas as noites
Uma vez que ela está tão inalcançável quanto ti
Dormindo serena em sua cama desconhecida

Por que eu haveria
De respirar todos os dias
Este ar intolerável para aqueles que sofrem
Martirizando ainda mais o que me resta de forças

Por eu haveria
De permanecer neste mundo
Não deviam deixar as pessoas tristes
Serem tão insistentes em continuarem vivendo

Emanando pranto
Chorando lagrimas inúteis
Escrevendo poesias fúnebres
Carregando a escuridão do mundo nos ombros

Existindo

(Rodrigo Saraiva – 23/10/11)


O Preço do Amor

Será que devemos pagar o preço do amar
Este nem sempre custa pouco
Pode-nos deixar muito pobres
Escravos deste único sentimento

Ligados a uma divida ininterrupta
Que nos corrói o coração
Até este se esfarelar por inteiro
Em minúsculos grãos amarelados

Que serão carregados por ondas
Ondas cada vez maiores e mais constantes
Compostas por lágrimas sem fim
A inundar toda uma existência

Ninguém sabe afirmar qual o preço de amar
Não se trata na maior parte dos casos de algo palpável
E sim daquilo que transcende o material
Dominando toda uma cascata de outros sentimentos

Mas há vezes em que custa pouco
Nada além de uma troca de olhares
De um beijo roubado
De um riso de canto de boca

Pena que nunca tive esta facilidade
Tampouco me julgo rico o suficiente
Para pagar o alto preço que este sentimento
Que sabe ser cruel sempre me impôs

Sou apenas um pobre poeta
Dono apenas de palavras sem nexo
Que sobrevive da esperança
De que o amor entre em liquidação

(Rodrigo Saraiva – 23/10/11)