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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Almas Em Versos

Almas Em Versos
(À Luana Valente)

Não é todo dia
Que nos deparamos com almas gêmeas
Muito menos coirmãs nas palavras
Compartilhadoras de sentimentos

Dividir sensações é algo estranho
É como não bastar a si próprio
E ser um mero dispersor de sentimentos
Incapaz de guarda-los em retidão

Ainda assim ver seus versos refletidos
É algo que transcende uma mera poesia
É como ver a si mesmo em um vídeo
E estranhar sua própria voz que sempre foi o que é

É se sentir exposto e ao mesmo tempo seguro
De que há mais pessoas como você
Espelhos de sua alma que havia sido levada
Pela vida que insiste em não te abandonar

Seguiremos então como carcaças
Escorados pelos fantasmas de nossas almas
Que se encontraram nos versos
E nos acompanharão em cada suspiro escrito


(Rodrigo Saraiva – 12/12/2013) 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Por Que Haveria Eu

Por que haveria eu
De entrega-la uma banal rosa
Se poderia levar-te a um jardim
Em uma noite sem luar

Para que no silencio da escuridão
Pudéssemos observar tantas outras flores raras
Nas quais eu sentiria a doçura de tua pele
Realizando um desejo onde sempre me faltou coragem

Por que haveria eu
De tentar roubar-lhe um beijo
Escorregar descalço neste terreno inexplorado
Onde tantos outros perderam a razão

Talvez melhor seja beijar-lhe em sonhos
Nos quais seria majestade absoluta
Onde a veria corar de leve
E derreter-se calidamente em meus braços

Por que haveria eu
De declarar-te o amor
Se no anonimato me mantenho próximo a ti
E talvez envergonhado não consiga fazê-lo

Uma negativa me faria mais poeta
Mais sorumbático e menos vivo
Mas seguindo em dúvida permaneço em paz
Com a alma silenciosa e o coração aquecido


(Rodrigo Saraiva – 26/11/13)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Mundo de Infelizes

Nunca gostei de ficar
Revolvendo o passado
Dores por vezes esquecidas
Que ressurgem fortemente presentes

Nunca gostei de relembrar
Aqueles últimos instantes felizes
Derradeiros momentos juntos
Que hoje tanto me apertam o peito

Nunca gostei de sofrer
Por isto tanto evito pensar
Preferi sempre não digerir tudo
Apenas o que não iria me corroer

Nunca gostei de admitir
Aquilo que relutantemente chamo de sentimentos
Os quais prefiro camuflar
Fingindo ser um poeta capaz

Nunca gostei de minha alma
Pois ela sempre se mostrou fraca
Um reflexo real demais
De tudo que sempre tento disfarçar

Nunca gostei de derramar lágrimas
Considero-as exposição inútil
Algo que não merece ser compartilhado
Que deve banhar apenas meu próprio interior

Nunca gostei de musicas
Que não retratassem aquilo que me move
O momento que me mantem
Que rege o quanto de ar sigo respirando

Nunca gostei de ser paciente
Infelizmente fui feito assim
Incapaz de explodir
Mandar tudo e todos pelos ares

Não gosto de sentir saudade
Da sensação de impotência que a acompanha
Sempre envolta em risos discretos
E banhada de sentimentos confusos

Não gosto de um amor não correspondido
Pois sentimentos unilaterais
Nunca vem acompanhado de boas ações
Carrega consigo apenas traumas futuros

Não gosto de ter medo
Em qualquer que seja a situação
Desde aquele que impede uma declaração de amor
Ao que não nos deixa viver em plenitude

Não gosto da chuva
Ela apenas me lembra de que se até o planeta chora
Por que eu vivo a me esconder covardemente
Por trás de uma falsa armadura de gelo

Não gosto de me sentir carente
Sensação ingrata que leva a dependência
O que quase sempre domina os pensamentos
Levando a uma letargia amorosa

Não gosto da distancia
Que me impede de agraciar meu mirar
Com aquilo que me mantem seguindo em frente
Justificando a inutiliza da existência

Enfim nunca gostei de fato de mim mesmo
Sempre me considerei medíocre
Um fraco habitante da vida
Lutando para meramente sorrir

Em um mundo repleto de infelizes

(Rodrigo Saraiva – 21/10/13)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Falta de Inspiração Crescente

Acho que pela primeira vez estou escrevendo diretamente no campo "escrever postagem" do blog... sempre digito pelo Word e "colo" aqui.
Nem sei ao certo o motivo disto, mas resolvi inovar desta vez. Também não escreverei uma poesia, pelo menos não por enquanto. Não quero "forçar a barra" escrevendo por obrigação. Ser poeta não é isso! É momento! É inspiração no calor da hora, da sensação que bloqueia os pensamentos para qualquer coisa que não seja escrevê-la!
Enfim, às vezes, como agora, estou sem inspiração, porém movido pela "obrigação" invisível de escrever algo aqui... ouvindo Map Of Your Head do Muse e "viajando" na melodia.
Quando penso no motivo primário da criação deste blog, lembro dos momentos em que estive sem internet, em algum canto da Europa, doido para postar as fotos, mas sem dinheiro nem paciência para ficar em alguma lan house fazendo isto. Acabava postando algo sobre certa cidade já estando em outra(s). Depois que voltei vi o blog sem função definida. Pensei em ficar escrevendo os capítulos do minha eternalendaquenuncaacaba, mais conhecida como meu livro, que há 8 anos começou a povoar parte de minhas idéias, sem nunca me tomar o devido tempo nem ter a necessária dedicação.
Acabei por publicar poesias e volta e meia algum texto sem lógica por aqui. Poesias estas escassas, porém mais sinceras e elaboradas do que aquela enxurrada que escrevia entre os 15 e os 20 mais ou menos. 
Uma coisa que mantenho intacta por todos estes anos é minha fome por literatura. Tenho lido de tudo (tudo que se valha a pena ler) e um escritor que muito tem me chamado a atenção é Zafón (A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu...). Que livros! Policiais com muito de poesia e nostalgia... bem minha cara.


E com esta frase encerro este "post enrolação" ao qual dediquei alguns minutos de minha falta de inspiração crescente.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ser Poeta

Estou aprendendo a ser poeta
Os entendidos diriam em sua secura
Que estou apenas brincando
Pois não há sequer rimas ou métricas calculadas

Não aspiro ser nenhuma reencarnação
De certo poeta dos escravos conterrâneo meu
Esbanjaria incapacidade para tal em cada verso
Em cada sonho alucinógeno

Gostaria apenas de ter a capacidade
De transcrever para o branco
Tudo aquilo que me corrói o viver
E que desejo vomitar sem vergonhas

Fazer enfim o que todos os poetas exaltam
Usar os poemas como válvulas de escape
Uma cachoeira intermitente de sentimentos
Escondendo a covardia que temos no falar

(Rodrigo Saraiva – 17/08/13)


domingo, 8 de setembro de 2013

5 Anos

É estranho sentir saudades
Não falo daquela corriqueira e fútil
Que sentimos de coisas banais
E sim a qual mareja o mirar
E quase sempre nos aperta o peito
Impede-nos de dormir
Materializa-se em sonhos
Tornando-se ficticiamente palpável
Ainda mais intensa e corrosiva
Saudade de quem está ausente aos olhos
Que nem o tempo pôde derrotar
Do tipo que não carrega mágoas ou rancores
É pura e simples
Ainda que traga memorias insistentemente dolorosas
Chega acompanhada de algo bom
Um felizmente também saudosista sorriso
Capaz de enaltecer tudo que há de bom
Em seguir lutando e vivendo

(Rodrigo Saraiva – 08/09/13)


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Poesia Defeituosa

Hoje descobri o maior defeito de um poeta
Ainda assim repetido incessantemente
Como um mantra infindo
A nos martelar a consciência inesgotável

Por que insistimos em usar palavras
Como se as mesmas explicassem tudo
Por que transcrever tudo que sentimentos
Para folhas que um dia desbotarão

Certas sensações não podem ser escritas a mão
Não são como letras de musicas
Ou uma receita perdida em um livro qualquer
Versos não são necessariamente espelhos da alma

Não sei qual a razão de teimarmos em fazer isto
Há sentimentos que não podem ser descritos
E muitas vezes não deveriam ser
Apenas estão em nós para serem sentidos

E se expostos deveriam sê-los através de um olhar
Ou talvez de um tímido sorriso
Quem sabe em um beijo roubado
E não em falsas poesias

Espero que consiga conter-me
E não continue a insistir neste grave erro
Não irei me considerar menos poeta
Apenas mais sincero comigo 


(Rodrigo Saraiva – 06/09/2013)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Desenho da Alma

Nunca mais desenhei nada
As folhas de papel são teimosas
Insistem em seguirem reclusas
Permanecendo neste inabalável branco azedo

Briguei violentamente com minha inspiração
A mandei passear no lugar mais longínquo possível
Desde então sigo vazio por dentro
Incapaz de segurar um misero lápis com precisão

Resolvi apelar novamente as poesias
Pois não preciso de ideias brilhantes para escrevê-las
Apenas deixo escorrer para a já cansada caneta
As torrentes emocionais que me devoram

De certo modo estas palavras dramáticas
São como desenhos estilo autorretratos
Copias perfeitas de minha alma
Sem inspiração alguma mas extremamente passional


(Rodrigo Saraiva – 26/08/13)

Lado Antissocial

As pessoas tendem a se afastar
Involuntariamente
Muitas vezes de maneira indolor
Outras tantas sem nem percebermos

Basta uma mudança na rotina
Por mais natural que seja a mesma
Para este afastamento ter inicio
Rumo a uma cada vez mais distante amizade

Culpamos quase sempre o tempo
Ou melhor a ausência dele
Pata justificar nossa falta de interesse
Ratificando nosso comodismo

Neste afastamento inexorável
Tornamo-nos desconhecidos amigos
Fazendo cada vez menos frias festas de reencontro
Em reconfortantes intervalos cada vez maiores

Creio que isto tem seu lado bom
Se nos mantivéssemos sempre próximos
Com tantas amizades que iniciamos
Uma só existência não bastaria

Nesta nossa mal calculada seleção
Só as amizades de uma vida inteira
De fato farão jus ao nome
As demais só servirão para uma coisa

Intensificar meu lado antissocial de ser

(Rodrigo Saraiva – 26/08/13)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Olhos de Arco Íris

Bela moça dos olhos de arco íris
Que me enfeitiçaram repentinamente
O balé de cores do teu mirar
Hipnotizou-me sem esforço

Certa vez eles estavam azuis
Da cor que nenhum mar jamais terá
Cor tão intensa que nenhum balé de ondas atingirá
O verdadeiro azul celestial que tanta paz me trouxe

Em outra ocasião eram verdes
Uma imensa floresta primaria
Intocada em beleza e intensidade
A qual jurei eternamente proteger

Já os vi escuros como um entardecer
Não havia sequer uma lua minguante
Mas um brilho fugaz que me marcou
Um lampejo de felicidade plena a me arrepiar

Espero nunca vê-los avermelhados
Afogados em lágrimas sucessivas
Espero não ser eu a segurar o pincel
Sujo de vermelho pranto se este momento chegar

Neste incessante jorro de cores
Após tantos olhares compartilhados
Não desejo me apegar a apenas uma
Espero para sempre refletir por inteiro

Seu arco íris particular


(Rodrigo Saraiva – 24/07/13)

sábado, 6 de julho de 2013

Derradeira Jornada

Resolvi fazer uma ultima viagem
Uma viagem em direção a minha essência
Procurei traçar a melhor rota
Pois nada poderia ficar para trás

Logo no inicio pude perceber quão vazio era
O quanto eu era oco por dentro
O que serviu para justificar o eterno vácuo em meu peito
Este grande nada que insisto em viver

Procurei em vão por meu coração
Sequer pude reconhecê-lo em meio à escuridão
Tateei às cegas buscando algum calor exalado
Em troca só pude sentir uma gélida brisa

Não havia enfim motivo para surpresas
Há muito meu coração segue em jejum
Tornou-se uma rocha incapaz de amar
E como uma flor ressequida murchou sozinho

Busquei conforto junto a minha alma
Em seu lugar havia apenas um espelho
Refletindo tudo aquilo que me é pranto
Como se fossem cacos de dores passadas unidos

Resolvi encerrar esta derradeira jornada
Trôpego em lagrimas com as mãos trêmulas
E a triste sensação de uma arrebatadora realidade a me consumir
Abrindo-me os olhos para a cada vez mais palpável e desejável

Ausência de vida

(Rodrigo Saraiva – 06/07/2013)


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Adeus

É imensurável
O peso de um adeus não dito
Que carrega nas costas tanta culpa
Esmagando-nos de encontro a fria solidão

É incalculável
O preço desta ausência
Não deveríamos jamais
Deixar algum adeus perdido

É intangível
Aquela lágrima derradeira
Que escorre sem fim da alma
Afogando aquele adeus esquecido

É inegável
Que um adeus pode reger uma vida
Seja como uma linda e saudosa melodia
Ou como uma ode fúnebre e vazia

É inevitável
Te dizer pela última vez adeus
Por tudo que me tornou estes versos
Adeus


(Rodrigo Saraiva – 03/07/2013)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Vida

OBS: GOSTARIA DE DEDICAR ESTA POESIA A MINHA TIA EDLANI SARAIVA. NESTE ÚLTIMO FERIADO DE CORPUS CHRISTIE TIVE O PRAZER DE SUA CIA NA CHAPADA DIAMANTINA JUNTAMENTE COM OUTRAS PESSOAS QUERIDAS DA FAMÍLIA, MAS PELO TUDO QUE ACONTECEU NOS ÚLTIMOS TEMPOS, FICA ESTE REGISTRO COMO UM RESUMO DO QUE VIVI E SENTI NESTE FERIADO NAQUELE LUGAR MÁGICO.

Vida


Renovação
Esperança renascida
Lagrimas de novas felicidades
Sorrisos que brotam involuntários

Purificação
Cachoeira gelada
Queda d’água que tudo lava
 Um banho na alma

Superação
Escalada difícil
Energia suada
Consciência felizmente ofegante

Contemplação
Paraíso palpável
Liberdade a flor da pele
Vôo sobre a existência

Reflexão
Respiração profunda
Palavras excessivas
Maturidade silenciosa

Imaginação
Capacidade de criar
Lembranças dolorosas
Momentos felizes

Renovação e purificação
Superação e contemplação
Reflexão e imaginação
Vida

(Rodrigo Saraiva – 02/06/13)



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Da Janela do Avião




Da janela do avião
Percebo minha insignificância
Devo parecer algo minúsculo
Como tantas casinhas abaixo

Para aqueles que se declaram normais
Não devo passar de uma pequena formiga
Como tantas pessoas se mexendo abaixo
Vistas quase invisíveis da janela do avião

Se um vasto rio não passa de uma tênue linha
Imaginem então como se apresenta minha linha
Linha esta da minha combalida vida

Vida esta inútil para muitos
Muitos seres insensíveis e inconcebíveis
Nulidades culturais transparentes

Jamais vistas pela janela do avião

(Rodrigo Saraiva – 08/2009)

A Liberdade e o Amor




Sentir o vento
Força inconstante e invisível
Ter os pelos ternamente eriçados
Escutar seu ruído macio

Ver o mar
Azul indomável e infinito
Com suas pequenas ondas
Pontilhando de branco sua imensidão

Ser tocado pelo sol
Arrepiar-se com teu calor
Ofuscar-se com tua luz
Emocionar-se ao vê-lo adormecer

Ouvir uma bela melodia
Fechar os olhos
Sentir-se levitando
Embalado por acordes transparentes

Se liberdade é isto
Por qual razão me sinto prisioneiro
Vazio e insignificante
Como aquele que vive sem memorias

Talvez a liberdade não baste por si só
Pois qual a serventia de uma liberdade sem sentido
Um ser errante e inútil
Sem o famigerado grande amor ao lado

Amor
Sentimento capaz de unir e destruir
Mas ainda assim intenso porem inconstante
É o maior guia para corações de almas perdidas

Corações estes cegos e frágeis
Dependentes daquilo que chamam paixão
Misteriosa sensação perene
Que dá-lhes luz e força

E assim renovados seguem
Livres e agora completos
Como sempre deveriam ser os grandes amores
Tudo aquilo que o nosso não pôde jamais ser

(Rodrigo Saraiva – 11/2009)