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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Amizade

Ontem acabei de assistir uma série de tv inglesa chamada Skins que no Brasil passa na HBO com o nome de Juventude à flor da pele. Para quem não conhece a série mostra a vida de um grupo de amigos de um colégio público de Bristol, pequena cidade inglesa, suas dúvidas e seus problemas (drogas e namoros) naturais até certo ponto nesta fase da vida (retrata os dois últimos anos antes da facul) e mostra todo o lado "podre" desta geração européia, movida a álcool e drogas. No começa a série parecia mais uma e tal, mas com o passar dos episódios e, principalmente na segunda temporada (são duas com 9 e 10 respectivamente) o "negócio ficou sério" e a série tomou um rumo inesperado mostrando o quanto as personagens amadureceram por conta dos vários problemas que enfrentam. Um final não muito animado e surpreendente garantiram a Skins um lugar nas boas coisas que vi na tv. Bom, depois dos encontros e desencontros e provas ou não de amizade, entrei num momento de reflexão e acabei por escrever a poesia abaixo, dedicada a todos aqueles que se identificarem nela, como eu.

Amizade

A amizade é algo de difícil compreensão
Pelo menos em sua plenitude
Comecei aprendendo da maneira mais dolorosa
A diferença entre amigos e conhecidos
Pois conhecidos são aqueles que você apenas
Pensa que conhece
Acredita que pode confiar
Espera que se importem
Acho que por isto não fujo da dor
Pois é no pranto que tudo se torna luz
É quando nossa alma se reinventa
E tudo se torna compreensão
Amizade é mais que simplesmente gostar
É uma tênue e preconceituosa linha
Que enclausura o amor
Mas que pode ser invisível aos olhos
Por mais estranho que possa parecer
A distância e o tempo
Juntos ou separados
São a balança desta relação
A distância por si só
Causa dor e sofrimento
Mas fortalece um sentimento básico
Chamado saudade
Esta chega acompanhada de lembranças
De bons momentos e de reflexão
Quem sabe de planos futuros
Ou talvez de renovação
Já o tempo serve para unir
O sentimento e o relacionamento
É aquilo que edifica
Promove a comunhão entre almas
Mas se juntarmos a distância e o tempo
A saudade será normalmente amena
O momento de reflexão será ocasional
Restará então o sorriso
Que servirá de moldura para o restante
Que criará aquele nó na garganta
Um ligeiro frio na barriga
E uma única certeza
A de que por mais que a distância pareça infinda
Por mais que o tempo envelheça a alma
A verdadeira amizade persistirá
Pois sozinhos não somos nada
Nem um mísero grão de poeira
Voa sozinho por aí
Nem na morte estaremos de fato sozinhos
Pois nas lembranças podemos ser eternos
A amizade é algo que não precisa ser enaltecido
Não quer ser gritado aos quatro ventos
Que resiste enfim a distância e ao tempo
Que assim como sua cara metade chamada amor
Pode sobreviver só de lembranças
De sorrisos e nós na garganta
De sinceridade e compreensão
E da certeza de que não se está só

(Rodrigo Saraiva - 02/2011)

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