Pesquisar este blog

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Funesta Bagagem

Ando remoendo uma relevante questão
O que levar na hora da morte
Carregar comigo à sepultura
Aquilo que me acompanhará para sempre

Não falo de bens materiais
Estes serão inúteis até no além
Meros objetos semeadores de conflitos
Detentores de falsas sensações de prazer

Escrevo aqui sobre o que levar junta à alma
O que irá de algum modo me confortar
Fazer-me companhia quando não haver mais nada
Além de pó e vermes empanturrados

Busco então boas lembranças
Lembranças de sorrisos gratuitos
Olhares que furtivamente se encontraram
Aquecendo-me o corpo por inteiro

Levarei comigo o abraço que hoje já não tenho
O afago há muito perdido em um passado já distante
A imagem de nossas mãos entrelaçadas e balançando
Como um pendulo de um relógio que não mais funciona

Espero que em minha sepultura tenha sua foto
E que esta seja poupada pelo tempo
Pelo menos que eu possa gravá-la em mim
Tatuar nos olhos de minh’alma teus traços sutis

Não terei tantas alegrias para me acompanhar
Afinal a maioria foi fruto de falsidades
Amizades de borracha que sempre se fizeram notar
Como inconvenientes gotas de chuva a nos aborrecer

Deixarei um espaço reservado em minha funesta bagagem
Para aquilo que alguns conhecem como paz
Espero que em algum momento seja apresentado a ela
Quem sabe não rola um sentimento bom nesse encontro
  
 E assim com meu leito eterno
Carregado de tudo que considero caro
Estou pronto para me despedir e encerrar os versos
Pondo fim a última questão que pretendia responder em vida


(Rodrigo Saraiva – 18/06/15)

Nenhum comentário:

Postar um comentário