Ando remoendo uma relevante questão
O que levar na hora da morte
Carregar comigo à sepultura
Aquilo que me acompanhará para sempre
Não falo de bens materiais
Estes serão inúteis até no além
Meros objetos semeadores de conflitos
Detentores de falsas sensações de prazer
Escrevo aqui sobre o que levar junta à alma
O que irá de algum modo me confortar
Fazer-me companhia quando não haver mais
nada
Além de pó e vermes empanturrados
Busco então boas lembranças
Lembranças de sorrisos gratuitos
Olhares que furtivamente se encontraram
Aquecendo-me o corpo por inteiro
Levarei comigo o abraço que hoje já não
tenho
O afago há muito perdido em um passado já
distante
A imagem de nossas mãos entrelaçadas e
balançando
Como um pendulo de um relógio que não mais
funciona
Espero que em minha sepultura tenha sua
foto
E que esta seja poupada pelo tempo
Pelo menos que eu possa gravá-la em mim
Tatuar nos olhos de minh’alma teus traços
sutis
Não terei tantas alegrias para me acompanhar
Afinal a maioria foi fruto de falsidades
Amizades de borracha que sempre se fizeram
notar
Como inconvenientes gotas de chuva a nos
aborrecer
Deixarei um espaço reservado em minha
funesta bagagem
Para aquilo que alguns conhecem como paz
Espero que em algum momento seja
apresentado a ela
Quem sabe não rola um sentimento bom nesse
encontro
E assim com meu leito eterno
Carregado de tudo que considero caro
Estou pronto para me despedir e encerrar os
versos
Pondo fim a última questão que pretendia
responder em vida
(Rodrigo Saraiva – 18/06/15)
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