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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Saudade e o Poeta

A saudade às vezes
Age em mim como uma visita
Daquelas bastante inconvenientes
Que batem à minha porta sem aviso prévio

Retirando-me de um estado de conforto
No qual não escolhi estar
Mas que não me importaria
De assim permanecer por um longo período

A saudade às vezes
Chega a mim arrebatadora
Drenando todos meus pensamentos
Na direção a qual ela ordena

É como se tudo ao meu redor
Não passasse de uma infinda cegueira
Onde a única luz a me ofuscar
Seria voltada para os pensamentos que ela criou

A saudade às vezes
Destrói-me por dentro
Inunda-me o peito tirando todo o ar
Que ainda teimo em respirar

Envolto em lembranças
As quais só produzem dor e lágrimas
Sentimento de culpa e ódio
Ódio ao tempo que não foi suficiente

A saudade às vezes
É tudo aquilo que restou
É aquela memória canguru
Que carrega em sua bolsa um leve sorriso

A saudade sempre é
Aquela que me lembra do que é viver
Aquela me faz aprender com os erros
Aquele que me faz poeta

(Rodrigo Saraiva – 10/11/11)

Um comentário:

  1. Fala, Rodrigão!
    Sua poesia me lembrou um verso de Pedaço de Mim, de Chico Buarque, que, em minha opinião, é um dos mais belos que já ouvi:
    "Ó pedaço de mim, ó metade arrancada de mim/Leva o vulto teu, que a saudade é o revés de um parto/A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu"
    Inclusive, dizem que a palavra (saudade) só existe em português. Sem dúvida, grandes obras surgem de sentimentos intensos, sendo a saudade um rio intermitente de inspirações!

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