Gostaria que este último dia
Tivesse mais horas que outro qualquer
Pois há muito a ser dito
Muitas despedidas a serem derramadas
Para me despedir do sol
Pretendo subir o mais alto possível
E com uma ampla e limpa visão do horizonte
Vê-la nascer laranja mas torna-la invisível ao mirar
Pois qualquer minuto posterior será precioso
Neste derradeiro dia que surgiu
Aproveitaria para durante a descida
Dar adeus ao vento que me acaricia o rosto
Que me causa uma leve sensação de prazer
Deliciada pela última vez
Às flores daria um adeus curto
Como perenes que as mesmas são
Mas nem por isso menos importantes
A nos perfumar a vida
Colorindo nossos corações
Muitas vezes opaco por provações vividas
Dedicaria o cada vez mais escasso tempo
A despedir-me daquilo que me é mais caro
De tudo que te traz aos meus pensamentos
Não há como ser fácil abandonar tanto
Aproveitaria o momento do adeus ao teu olhar
Para compará-lo a minha eterna companheira de versos
Minha querida rainha lua dos céus noturnos
Que assim como teu olhar é capaz de me hipnotizar
Tornando-me refém satisfeito dos teus desejos
Espelho inquebrável de nossos sentimentos
Não mais ver teu sorriso
Será com ser cego em um campo minado
Mas um que desejaria a todo instante explodir
Como quando eu explodia de alegria ao ouvir teu riso
Sinto que o dia está chegando ao final
E ainda não tive coragem de me despedir do principal
Daquilo que nos move nos alimenta e nos faz seguir
Creio que não haja uma maneira correta
De dizer adeus ao amor e simplesmente dar-lhe as costas
Como se mal o conhecesse mas assim mesmo o fiz
Apesar de tudo é chegada a hora
Onde despedidas não possuirão mais importância
E tudo que foi dito antes não passara de um longínqua lembrança
Uma lagrima derradeira sem razão em uma face cada vez mais estranha e
inalcançável
(Rodrigo Saraiva – 10/04/2013)