Pesquisar este blog

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Não Desistimos Nunca!

   Bom gente, depois de mais de um mês sem postar nada voltarei a fazê-lo. Antes de dar seguimento as postagens acerca de minha viagem (ainda faltam o restante de Atenas, Mykonos, Paris e Lisboa), pois tive um problema em meu pc e perdi todas as fotos e somente agora as estou recuperando, falarei de um assunto mais sério.
   Quando voltei ao Brasil no mês passado aconteceram principalmente três fatos que me levaram a longos momentos de reflexão. Antes de adentrá-los e para contextualizar melhor o que irei dizer, vou "começar do começo". Lá em Swansea (Gales) o único canal brasileiro que tínhamos na TV era a Record Internacional e, em janeiro, acompanhamos de lá o drama causado pelas chuvas no Brasil. Claro que a mídia adora explorar a miséria dos outros e isto me irrita, mas ainda assim, todos lá ficamos muito tristes com o ocorrido e creio que pela primeira vez comecei a ver o povo brasileiro com outros olhos. Acho que aquela frase "brasileiro não desiste nunca" não poderia se enquadrar em povo melhor. Uma das reportagens retratou a união dos desabrigados a ponto deles nomearem um síndico do acampamento (erguido com barracas do exército), para se organizarem melhor. Tinha até síndico das crianças. Você ouvir daqueles que não tem mais nada que eles precisam se organizar para começar de novo (muito pela terceira, quarta vez) e ainda assim serem capazes de demonstrarem bom humor, é coisa para poucos.
   Bom, voltando aos três fatos citados acima, direi que o primeiro deles foi o massacre da semana passada na escola do Realengo no Rio de Janeiro. Como tenho trabalhando com crianças (em aulas de campo com vários colégios das mais diversas idades) e saio muito cedo só fiquei sabendo do ocorrido a noite quando vi no telejornal. Fiquei chocado e indignado (como a maior parte do país, eu creio) mínimamente imaginando a dor daqueles pais, pois os alunos assassinados tinham a mesma idade daqueles com os quais passei o dia em Camaçari numa aula, com eles cheios de energia e vida.
   O segundo fato veio como um infeliz complemento para o dito acima. Há dois dias um menino de 5 anos que já tinha participado de uma aula de campo comigo, faleceu em um acidente de carro a caminho da escola, sendo que a irmã de 14, esteve durante todo o dia anterior em uma aula comigo. Cheguei à noite em casa arrasado, pensando na dor não só da família, mas principalmente dela, que no dia anterior estava tão feliz e como um momento pode mudar uma vida para sempre.
  Mas de uma coisa eu tenho certeza, que assim como no caso das chuvas, como no do Realengo, ou dos meus alunos, todos eles são encontrarão em suas dores uma razão para seguir em frente, pois são todos brasileiros, um povo que pode ter diversos defeitos, mas que tem na força de sua solidariedade algo que nenhum outro povo do mundo tem, esta força calorosa e que nada pede em troca.
   E nada melhor do que o terceiro fato para fechar tudo que disse. Esta semana tive o prazer de, em uma das aulas de campo, acompanhar os alunos para assistirmos um documentário (premiadíssimo justamente) chamado Lixo Extraordinário. Para aqueles que ainda não o viram fica minha recomendação veêmente para o fazerem e, para os que já assistiram, me digam se não é exatamente aquilo que disse acima?
   Só para resumir, o documentário trata do trabalho do renomado artista brasileiro Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano. (Fonte: http://www.lixoextraordinário.net/)
   Um documentário tocante, mas que mostra a realidade nua e crua do verdadeiro povo brasileiro! 
   Enfim, não sei estou ficando sentimental demais ou somente agora abri de fato os olhos para certas coisas, mas tem dias que temos vontade de desistirmos deste mundo que vivemos, porém como disse anteriormente, somos brasileiros e não desistimos nunca!

Um comentário:

  1. Estamos muito felizes com o seu retorno, nada melhor que estar na companhia de quem amamos. Queremos sempre acompanhar o seu crescimento e amadurecimento, o seu sucesso, suas alegrias e conquistas, etc. Não nos abandome jamais!
    Kátia, Sônia e Mila

    ResponderExcluir